domingo, 4 de março de 2012

Questões sobre o documentário "A Terra".


Questões sobre o documentário “A Terra”

1.      O documentário pode ser considerado como uma perspectiva geral da questão agrária brasileira? Justifique.

2.      Que tipo de atores sociais podem ser identificados no documentário?

3.      A situação de conflito agrário do estado do Pará pode generalizada para outras partes do Brasil?

4.      A reforma agrária é um instrumento para diminuir ou acabar com os conflitos agrários no Brasil? Justifique.

5.      Quem é mostrado de forma mais positiva (com simpatia) no documentário, qual seria a motivação?

Agricultura nos EUA





Colheita de soja no Meio-Oeste dos EUA: agricultores americanos levarão para casa mais de US$ 100 bilhões em 2011



O que torna Dakota do Norte, Nebraska e Dakota do Sul diferentes do resto dos Estados Unidos?

A primeira diferença é que os três Estados possuem os menores índices de desemprego do país: 3,5%, 4,2% e 4,5%, respectivamente, comparados à média nacional de 9% em outubro. A segunda grande diferença é a agricultura. A atividade rural tem maior participação no Produto Interno Bruto (PIB) desses Estados do que nos outros. Enquanto a média nacional é inferior a 1,5%, o percentual chega a 10,9% em Dakota do Norte, a 9,4% em Dakota do Sul e a 6,9% em Nebraska.

Ter um setor agrícola com grande peso era uma maldição nos anos 80 e 90. Hoje, é bênção.

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) informou recentemente que o valor agregado líquido da agricultura na economia do país (ajustado pela inflação) deste ano será o maior desde 1974. E esse bom momento deverá ser prorrogado. Números oficiais mostram que em 2011, pela primeira vez, os agricultores dos EUA levarão para casa mais de US$ 100 bilhões em um único ano.

Nas palavras do secretário da Agricultura do país, Tom Vilsack, a "agricultura continua a ser um ponto luminoso" em meio à economia dos EUA. De fato, a atividade rural é um dos poucos destaques, ao lado da produção de recursos naturais, especialmente o petróleo.

O bom momento agrícola também levou o setor de agronegócios dos EUA, pela primeira vez em muitos anos, de volta aos radares dos maiores investidores. Empresas do setor, desde a Deere & Co., maior fabricante mundial de tratores e colheitadeiras, até a Monsanto, produtora de sementes e pesticidas, passando pela Cargill, maior comercializadora de commodities agrícolas do mundo, beneficiaram-se. Paralelamente, o preço das terras cultiváveis nos Estados agrícolas - atualmente outro investimento de grande procura - avançou, com valorizações anuais superiores a 25%.

O USDA indica que o setor agrícola do país caminha para ter outro bom ano em 2012, o que estenderia o boom para seu quinto ano consecutivo. Nos últimos dez anos, a receita agrícola líquida quase dobrou, como resultado da expansão da produção de commodities agrícolas nos Estados Unidos - especialmente o milho - e da elevação dos preços a seus maiores patamares históricos.

Em 2001, os agricultores do país levaram para casa pouco mais de US$ 50 bilhões; neste ano, o USDA estima que ganharão US$ 100,9 bilhões, 28% a mais do que em 2010. Paralelamente, os subsídios concedidos pelo governo americano deverão cair para US$ 10,6 bilhões neste ano, 1,4% a menos do que em 2010.

Esse aumento na receita é resultado de uma rara onda de alta nas commodities. Nos últimos 30 anos, os preços dos alimentos subiram brevemente e em poucas ocasiões. A maioria das vezes, as elevações foram registradas isoladamente em algumas commodities - trigo, milho ou soja. A tendência de alta que ganhou fôlego em meados do ano passado e beneficiou esta safra 2011/12, porém, abrange quase todas as commodities agrícolas ao mesmo tempo, fenômeno que não se via desde o biênio 1973-1974.

As altas têm raízes na forte demanda por matérias-primas nos países em desenvolvimento, particularmente China e Índia, no grande apetite da indústria de biocombustíveis dos EUA e nas interrupções nas exportações e produção de vários produtores-chave, da Rússia até a Austrália.

Há nuvens no horizonte, no entanto. Houve forte aumento nas despesas, com os fertilizantes, em alta de 18% nos últimos 12 meses, e os combustíveis, de 27%. De modo geral, os custos de produção subirão 12%, para o recorde de US$ 320 bilhões. A elevação neste ano assemelha-se ao preocupante aumento nas despesas verificado em 2007 e 2008.

Outro fator é que a tendência pode estar chegando naturalmente a seu fim. A atual sequência de vários anos de preços altos é uma anomalia. Historicamente, a produção de commodities agrícolas acaba superando a demanda, o que desencadeia um período prolongado de preços baixos. Ainda está por ver-se se a continuidade do ímpeto da demanda será suficiente para contrabalançar a tendência natural dos agricultores a exagerar na dose da produção. No meio tempo, Dakota do Norte, Nebraska e Dakota do Sul continuarão diferentes.


quinta-feira, 1 de março de 2012

Heveicultura

10 de janeiro de 2012 | 3h 06

Xico Graziano, agrônomo, foi secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. E-mail: xicograziano@terra.com.br - O Estado de S.Paulo

É muito interessante a história da borracha no Brasil. Descoberta nas árvores da Amazônia, sua exploração originou, há cerca de 150 anos, um extraordinário ciclo de riqueza no Norte do País. Ganhou o mundo, mas, curiosamente, abandonou seu passado. Hoje a borracha ostenta sua glória na Ásia.

Tailândia, Indonésia e Malásia, somadas, produzem 72% da borracha explorada mundialmente, ranking em que o Brasil ocupa o distante 9.º lugar. Por incrível que pareça, a terra natal da Hevea brasiliensis compra do estrangeiro dois terços da borracha natural que consome, utilizada nos pneus e demais bens fabricados com a utilíssima seiva.

Durou pouco, meio século, o ciclo econômico da borracha no Brasil, com apogeu em 1910. Nesse ano, 40% da receita cambial brasileira teve origem no látex embarcado, o mesmo patamar das exportações de café. Incrível. Daí em diante, todavia, entrou em cena a produção asiática, derrubando o monopólio dos preços internacionais. Chegou o declínio. Passada uma década, as vendas brasileiras significavam apenas 15% da oferta mundial.

Essa queda carrega um exemplo daquilo que se denomina modernamente biopirataria. Começou em 1876, quando os ingleses, capitaneados por Henry Wickman, levaram milhares de sementes de seringueira para o Jardim Botânico de Londres. Ali receberam a atenção do melhoramento genético, gerando variedades mais produtivas, levadas posteriormente para as colônias inglesas na Ásia, inicialmente Ceilão e Cingapura.

Ninguém esperava o golpe. Na febre da exploração dos seringais nativos do Amazonas, enquanto a Cia. Lírica Italiana encenava, em 7 de janeiro de 1897, a avant-première de La Gioconda, ópera de Amilcare Ponchielli, inaugurando a sala de espetáculos do magnífico teatro de Manaus, o maior patrimônio cultural e arquitetônico do ciclo nacional da borracha, os espertos ingleses avançavam no desenvolvimento da heveicultura, baseada em plantios racionais da nobre árvore. Um show de competência agronômica.

Décadas depois, possivelmente inspirado nesse sucesso inglês, um ambicioso empresário norte-americano protagonizou, ao contrário, um redundante fracasso. Henry Ford, líder na fabricação de automóveis, imaginou produzir, sozinho, metade da borracha consumida no mundo da época. Comprou 1 milhão de hectares de terras no Pará e mandou construir, no final da década de 1920, uma cidade - a Fordlândia - para comandar seu empreendimento. Deu tudo errado.

Uma doença, chamada mal-das-folhas, se esconde por trás do infortúnio da Fordlândia na Amazônia e, ao mesmo tempo, explica a vantagem da heveicultura asiática. Existente somente na umidade da Amazônia, o fungo Microcyclus ulei ataca as folhas jovens da seringueira, derrubando-as, reduzindo a capacidade fotossintética da árvore. Chega a matar a planta.

Na floresta nativa, o mal-das-folhas se controla pelo equilíbrio natural das espécies, facilitado pela rala dispersão das grandes árvores no território. Nas lavouras homogêneas, entretanto, sua fácil disseminação se mostrou devastadora. Isso mesmo. Um fungo derrotou o magnata da Ford. Por outro lado, distantes do terrível inimigo que povoa a Hileia, os plantios asiáticos prosperaram.

A troca do ecossistema de produção explica também a supremacia paulista na heveicultura nacional. Com quase 80 mil hectares plantados, São Paulo ultrapassa metade da produção interna de borracha. Poucos sabem disso. Nas lavouras da região de São José do Rio Preto, onde se concentra a produção paulista, a produtividade média supera em até 40 vezes os projetos extrativistas da Amazônia. Resultado: dos seringais que imortalizaram Chico Mendes chega ao mercado abaixo de 3% das 130 mil toneladas de borracha produzidas no Brasil. Vitória da moderna agronomia sobre a coleta florestal.

Muita coisa se transformou desde que o inglês Joseph Priestley descobriu, em 1770, que aquela goma utilizada pelos indígenas amazônicos servia para limpar a escrita a lápis, apelidando-a de "borracha" (rubber). Mas foi Charles Goodyear, em 1838, que descobriu a vulcanização, processo que acrescenta enxofre ao látex, fazendo-o trocar a viscosidade pela elasticidade. Nascia o pneu.

Uma curiosa disputa permeia essa história. Na 2.ª Guerra, após o ataque aos norte-americanos em Pearl Harbor, os japoneses tomaram a Malásia e as Índias Orientais holandesas, passando a controlar o suprimento mundial de borracha. Virou uma "guerra da borracha" entre as duas potências. Os norte-americanos, visando a reduzir o desgaste dos pneus e economizar borracha, inventaram uma lei que limitava a velocidade dos carros nas estradas a 35 milhas (56,3 km) por hora. Pouco funcionou. Surgiu, assim, a borracha sintética, derivada do petróleo, que ocupa hoje 56% do mercado.

Os produtores brasileiros de borracha iniciam 2012 satisfeitos. O ano passado apresentou-lhes ótimos preços. A forte demanda fez recuarem os estoques mundiais. E na economia de baixo carbono a borracha sintética perde moral para o látex natural.

Crescem as florestas plantadas com seringueira, expandindo-se também para Mato Grosso do Sul e, menos, Minas Gerais. Típica de pequenos produtores, geradora de bons empregos e garantida renda, a moderna heveicultura em nada se assemelha àquela época em que as óperas encantavam a burguesia na Amazônia, levando o governo brasileiro a comprar o Acre (1903) e delirar com a construção de uma ferrovia - a Madeira-Mamoré - cujo malogro se tornou um vexame escondido da engenharia nacional.

Moral da história: a opulência espanta o progresso sustentável. E a tecnologia chama a virtude. Na borracha se encontra boa prova disso.